O metano é um componente energético valioso, podendo ser utilizado para:

• Geração de Energia Elétrica: O biogás pode alimentar geradores para produzir eletricidade, suprindo as necessidades da propriedade e possibilitando a venda do excedente para a rede elétrica, criando uma nova fonte de renda para o produtor.

• Produção de Energia Térmica: O calor gerado na combustão do biogás pode ser utilizado para aquecer instalações, como aviários e salas de ordenha, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis e diminuindo os custos operacionais.

• Combustível Veicular: Após um processo de purificação, o biogás pode ser convertido em biometano, utilizado como combustível para veículos, proporcionando economia e sustentabilidade no transporte agrícola.

Benefícios Econômicos e Ambientais

A adoção de sistemas de biogás na criação de animais oferece diversos benefícios:

• Redução de Custos: A produção própria de energia diminui as despesas com eletricidade e combustíveis, aumentando a margem de lucro da atividade pecuária.

• Gestão Eficiente de Resíduos: O tratamento adequado dos dejetos animais mitiga problemas ambientais, como a contaminação de solos e recursos hídricos, além de reduzir odores desagradáveis e a proliferação de insetos.

• Geração de Biofertilizantes: O resíduo sólido resultante do processo de digestão anaeróbia, conhecido como digestato, é um excelente fertilizante orgânico, rico em nutrientes, que pode substituir ou complementar o uso de adubos químicos, promovendo uma agricultura mais sustentável.

• Créditos de Carbono: A redução das emissões de gases de efeito estufa, especialmente o metano, pode tornar o produtor elegível para programas de créditos de carbono, proporcionando uma fonte adicional de receita.

Casos de Sucesso no Brasil

No Brasil, diversos produtores têm obtido sucesso com a implementação de sistemas de biogás. Por exemplo, no Paraná, a família Baratto, de Medianeira, instalou um biodigestor que gera cerca de 25 mil kilowatts por mês. Desse total, 2 mil kilowatts são utilizados na propriedade, e o excedente é vendido, resultando em uma receita adicional significativa. O investimento de R$ 680 mil foi facilitado por programas de incentivo, como o RenovaPR, que oferece juros subsidiados para projetos de energia renovável no campo.

Outro exemplo é a família Sandmann, de Santa Helena, também no Paraná, que instalou uma usina de biometano para aproveitar os dejetos da suinocultura e avicultura. Além de resolver problemas ambientais, a iniciativa gerou economia e lucro, com uma previsão de retorno do investimento em curto prazo.

Implementação de Sistemas de Biogás

Para implementar um sistema de biogás na propriedade, é importante considerar:

• Dimensionamento Adequado: O tamanho do biodigestor deve ser compatível com a quantidade de resíduos produzidos, garantindo eficiência no processo de digestão anaeróbia.

• Investimento Inicial: Embora haja um custo inicial para a instalação do sistema, programas de financiamento e incentivos governamentais podem facilitar a adoção da tecnologia.

• Manutenção e Operação: A operação do biodigestor requer monitoramento constante para assegurar o funcionamento adequado e a máxima eficiência na produção de biogás.

• Conformidade Legal: É fundamental atender às regulamentações ambientais e de segurança vigentes, obtendo as licenças necessárias para a operação do sistema.

Perspectivas Futuras

A integração de energias renováveis na criação de animais representa uma tendência crescente, alinhada com as demandas por sustentabilidade e eficiência no setor agropecuário. A produção de biogás não apenas contribui para a redução da pegada de carbono da atividade, mas também fortalece a resiliência econômica dos produtores, diversificando as fontes de renda e reduzindo a vulnerabilidade a oscilações nos preços de energia e insumos.

Além disso, a crescente valorização de práticas sustentáveis pelos consumidores pode agregar valor aos produtos de origem animal, ampliando mercados e oportunidades de negócio. A adoção de tecnologias limpas e renováveis posiciona o produtor como protagonista na transição para uma economia de baixo carbono, atendendo às exigências de um mercado cada vez mais consciente e regulamentado.